ALGUÉM RESPONDE?

Em que berço dormem as solitárias estrelas azuis?

Onde o pão, onde o trigo?

Grãos de tristeza, amargo alimento?

Há alguém que sonhe junto comigo?

Em que taças se derrama o vinho da infância perdida?

No cristal dos teus olhos névoas ou pétalas de luz?

Cobrem-se melancolias com toalhas de linho?

Onde os lençóis de seda e o perfume das romãs,

em que noites, em que tardes se abrigam?

E o orvalho seria a lágrima rolando na face das manhãs?

Onde os sonhos que acalento, força, luz, presença e abrigo,

sussurros de ternura soprada ao vento?

Onde se esconde o espanto

de olhar o tempo fugidio feito criança?

Onde o brilho? Onde se perdeu o encanto?

Quem acende nos meus olhos o facho da esperança?

Há dias em que chovemos por dentro

e ficamos assim brumosos e cinzentos,

cheios de dúvidas e de incertezas

sopradas ao vento...

José de Castro
Enviado por José de Castro em 15/06/2015
Código do texto: T5277559
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