MEU PÉ DE ABRICÓ
MEU PÉ DE ABRICÓ
Hoje
Nas sombras do tempo
Recordo de ti
Meu velho amigo
Que me destes sombras
Abrigasse-me em teus galhos
Assim como um pai
Acalenta seu filho
Que choraste comigo
Quando cravei meu velho canivete
Em teu tronco
Desenhando um coração ardente
De paixão
Pelo primeiro amor
Que destes seus galhos
Para em combate
Cavalgar contra os inimigos
Que povoavam
Minha mente com bandidos
E heróis de infância
Que com seus frutos
Ajudou a fantasiar iguarias que jamais provaria
Mas nos seus frutos
Eu conseguia imaginar
Hoje te vejo triste e solitário
O teu amigo cresceu
E esqueceu-se do menino que havia nele
Abandonou-te
Na beira da praia
Sozinho
Até a grama praiana morreu
Foi-se embora a linha do jundu
As casas atropelaram tudo e procriou como erva daninha
Agora vão te cortar
E eu vou chorar a tua morte
Com alguém que perdeu um ente querido
Meu velho
Bom e querido
Abricoeiro...