O vendedor de floreios

Aborto o rasante

Trago à face idéias cinzas

E o voo cai com meu quebranto

Chuto o espanto em frases curtas

Me conforto, deitado,no pé da cama

Trago a faca, faço um sulco

me dói o corte atrás da carne

Acho que fiz um bom disfarce

Ao atar o desatino

e a ousadia com mordaça

Serei um velho nessa praça

Com quatro filhos na garagem

Um vira-lata atado e triste

Desanimado amargo e insone

Mas mesmo amando muito

Descortinado aberto ao mundo

Sinalizo a cal do muro

Que traz pra mim o desconforto

Ou será dor de desgosto?

Sei lá, já fui tão outro

Desse lado sou anônimo

Endereço, bairro, e pronto

Michell Niero
Enviado por Michell Niero em 16/06/2007
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