PENAS NO CORAÇÃO
01 Eu não posso ocultar
Certos esclarecimentos
Que em meu viver na terra
Vou tendo através dos tempos
Pois servem pra iluminar
Quem em trevas vive a andar
Neste mundo de tormentos!
02 E por isto volto aqui
A falar de um menino
Que estava sobre uma ponte
A espera de algum peregrino
Justamente aconteceu
Do peregrino ser eu
Pra receber seus ensinos
03 Um frase que ouvi
E no meu ser registrei
Foi sobre um certo ditado
No qual sempre meditei
Dizia que “em pedra dura
Água bate até que fura”
No que nunca acreditei!
04 O entendimento simples
Daquele fato inseguro
Trazia à minha mente
Um pensamento obscuro
Como é que a água pura
Batendo em pedra dura,
Faria nela algum furo?
05 Mas fazendo a pergunta
Ao menino eloquente,
Ele me respondeu
Com voz calma e paciente:
Toda ciência do mundo
Vem de um buraco fundo
Onde a água está presente
06 Quando Deus, o Criador
Construiu essa CONSTANTE
Era um mundo natural
De terra e rocha e monte
Mas a água deu ação
Pra toda transformação
Que se vê no horizonte
07 Pude entender então
Os dizeres do menino,
Compreendi pois, que a água
Mesmo sendo pingo a pingo,
Vai amolecendo o mundo
Fazendo buraco fundo
Os quais vemos existindo
08 Além daquele ditado
Sobre a água e sua ação
Também eu pude saber
De outra simples questão
Que as penas dos passarinhos
São espécies de espinhos
Que lhes furam o coração
09 Daquele assunto falado
Tive um desentendimento
Pois sempre eu acreditara
Ser as penas, ornamentos
Que além de dar beleza
Davam aos pássaros a destreza
Pra voarem pelos ventos
10 No entanto o menino
Que tinha o olhar brilhante
Disse que cada pena
Era um espinho constante
Espetadas pelo corpo
Que um dia faria morto
Qualquer pássaro atuante
11 Para encerrar o assunto
Sobre as penas em questão
Ele disse que a humanidade
Também tem aquela ação
Nos corpos dos passarinhos
As pensas são os espinhos
Mas em nós, no coração