Manhãs e Noites
Correremos até amanhã esperando pelo próximo dia
O pôr do sol assistirá nossos pêsames e cânticos
Ouvirá as risadas dos pequenos seres caindo do céu
Como meteoros
E os anjos da chuva nos molharão com um milhão de gotas de água pura
Só a água pode ser pura...
A água que escorre cantarolando músicas ancestrais
Junta-se aos bardos e animais da floresta
Nas orgias sob a luz do luar fluorescente.
As estradas são livres para seguir apenas até a página mudar
Nas janelas abertas só entram sopros de desconhecidos
Só se conhece quem se tornou o que foi a última sinfonia da manhã e da noite
Quando o crepúsculo da rua deitou-se para esperar o entardecer.
Costumava seguir os passos
Mas descobri que podemos voar
Como os pássaros que repousam sobre os telhados
E sobre a copa das árvores
Onde repousam os olhos negros de torpor
O chão que agora é cama
Acolhe todos os dias
Até o dia em que o rio parar.