Poema costurado em dois Retalhos
O meu diário tem silêncios de cor.
Tem parecenças de flor
Trazida dos fins d'além-mar.
Nele as palavras já têm alforria,
Dizem o que não se diria
Preciso fosse falar.
O meu diário tem olhos de gato.
Colei-lhe um retrato
de nunca lembrar.
O tempo inclusive
Caminha pros lados,
pra trás e aos passados,
fingindo passar.
Não quer lembrar-se de lágrimas
Porém muitas e tantas viu.
Fez de cada uma um rio
para a tristeza levar.
II
E a lágrima caída despertou no papel a saudade de ser árvore,
dos vendavais e ninhos de pássaros.
(A folha mais delirante pensou que era chuva.)
No meu diário, os homens
dialogam com outros homens
E o pincel que Deus pintou o Sol
Tinge de amarelo os pensares.
Palavras e silêncios dão-se as mãos
E dançam a canção do desesistir.
Naquelas páginas não há senão humanizagem.
Botões de rosas fecham vestidos
Feitos de lírios e malmequeres,
mais difíceis que pés toca-chão.
Fim é um remendo.
O meu diário tem silêncios de cor.
Tem parecenças de flor
Trazida dos fins d'além-mar.
Nele as palavras já têm alforria,
Dizem o que não se diria
Preciso fosse falar.
O meu diário tem olhos de gato.
Colei-lhe um retrato
de nunca lembrar.
O tempo inclusive
Caminha pros lados,
pra trás e aos passados,
fingindo passar.
Não quer lembrar-se de lágrimas
Porém muitas e tantas viu.
Fez de cada uma um rio
para a tristeza levar.
II
E a lágrima caída despertou no papel a saudade de ser árvore,
dos vendavais e ninhos de pássaros.
(A folha mais delirante pensou que era chuva.)
No meu diário, os homens
dialogam com outros homens
E o pincel que Deus pintou o Sol
Tinge de amarelo os pensares.
Palavras e silêncios dão-se as mãos
E dançam a canção do desesistir.
Naquelas páginas não há senão humanizagem.
Botões de rosas fecham vestidos
Feitos de lírios e malmequeres,
mais difíceis que pés toca-chão.
Fim é um remendo.