Você esteve sempre presente,
mesmo na sua ausência tão palpável.
 
Nunca trocamos uma palavra
de carinho ou de elogio mútuo.
 
Não houve espaço para
a menor manifestação do
que pudesse nos unir.
 
Nossos olhares nunca se comunicaram,
não existiu um gesto sequer
que nos permitisse sentir um ao outro.
 
Você se deixou existir como um vazio
concreto, denso, repulsivo a
qualquer desejo de me achegar.
 
Adaptei-me à sua distância.
 
Aprendi.
Sobrevivi.
Não importa se doeu.
 
Se em você havia amor,
não permitiu que eu soubesse.
Sei do que me habitava,
ainda que adormecido e ignorado.
 
Sim,
duas vezes ele despertou:
 
Na primeira,
ignorei ante a sua displicência;
Na segunda,
sofri uma estranha frustração
por discernir em mim o amor que sentia.
 
Não havia razões para estar ali.
Embora o amor não tenha razões:
“invade e fim”.
 
Exorcizei minha angústia
numa exposição de fotos em preto e branco que
retratavam a solidão das estradas ermas
e dos andarilhos que por ela transitavam.
 
Talvez eu tenha me identificado...
Também me via junto às almas
por trás daqueles olhares...
 
Você poderia ter usado a grama como tapete
para suavizar os passos no caminho.
De que vale construir jardins
e seguir sobre cascalhos?
 
Talvez se tivesse escutado “epitáfio”
teria sabido que, assim como as flores,
a alma humana é frágil, sedenta
de carinho e um pouco de atenção.
 
Talvez você tenha sentido e,
sem perceber, se omitiu...
 
Que pena!
Como saber?
E daí?
 
Também sigo meu caminho,
pavimento a minha história, mas
já sabendo que muitas perguntas
ficam sem respostas nesta vida.
Jefferson Lima
Enviado por Jefferson Lima em 30/07/2015
Reeditado em 28/02/2021
Código do texto: T5329568
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