O íntimo
Via no tédio o remédio das disparidades de um vil covil,
Colocando fogo no palheiro para assim ver surgir uma agulha.
Com punho e a alcunha de justiceiro: foi-se o cunho e foi-se o pulha...
Talvez no terreiro, um terceiro/quarto ou um sexto do quarto copo.
O íntimo quer mostrar a cara: fica para a próxima.
Atiro-me ao escopo: atiram-me, apunhalam-me, sequestram-me;
Eis os que orquestram como feras rugindo, como tréguas surgindo,
Como falta de filtro nas palavras que lavram num (in) coeso destino...
Ferem amigos, ferem coelhos brancos na noite – alvos fáceis;
Desumanos, desalmados.
Os motores de arranque estão quentes; há febre adolescente na mente.
Pudores caem, chuvas de verão; jamais nos verão tão impetuosamente.
Gruda chiclete no dente, queima a carne no espeto, o medo adota a senhora.
O íntimo que foi ínfimo é posto à prova: uma ova que para tudo tem hora.
Atiro-me à festa nesse exato momento: falta a farta cominação de acatamento.
Reviro-me e me viro para voltar ao começo;
Esqueço o preço que é estar do avesso: ver vultos dos fantasmas,
estafas formando estufas que vão aquecendo as cabeças;
ouvir melodia melancólica, pudica e melosa,
da noite ao dia – de trás pra frente – o ano inteiro.
O íntimo já está exposto e posto ao privo: um ovo que se quebra à fome.
André Anlub
(18/2/15)