Teus olhares

Às vezes sinto-me uma ambulante sem vida

Perambulando por atalhos e entradas negras

Pressinto ansiosa o fim do aguardo extremo

Não posso correr para evadir, ao cerimonial.

Ainda não me sinto totalmente inanimada

Recrudescem mortas lembranças do passado

Avivando estações que arquivei em celas frias

Que estarão mortas ao final de um lindo dia.

Fantasias encostadas no balcão inútil do passado

Lantejoulas sem brilho perderam também a vida

No compasso em que foram docilmente criadas

Fixarão, nas noites e no serenar das madrugadas.

Passos distorcidos fazem-me caminhar no adejar

Em meus bornais centenas de poesias esmaecidas

Em pedaços contrastantes com o momento próprio

No rodopio dos dias nefastos e tristes teus olhares