Limpeza dos corações inteligíveis
(Um quê de Bovarismo)
A realidade concorre com minhas vertentes
e elas, céleres e insanas saem na frente.
Ouvi dizer que sempre vale a pena.
Faço roleta russa com o imaginário
e nesse voar de um total inventário
castram-se cobiças e integra-se a pena.
Vozes tendem o som do trovão...
Apocalíptico pisar no vil tédio.
Letras brotam num mata-borrão...
Curam, inebriam, quão doce remédio.
Estouram paixões sempre aludidas;
cantam canções, danças nas chuvas.
No certo e no cerco um céu de saídas
arte que inspira expurgando áureas turvas.
Ah, nesse amor descolado, desnudo
das mais gostosas traquinagens;
organizando as engrenagens,
desorientando meu mundo.
Acordei afogado no pranto,
praticamente um tsunami violento
que fez-me lembrar dos tantos encantos
que migraram para o desejo vagabundo.
O tempo se esgota, é a gota d’água...
Que desagua na grota e no vento.
Pois invento a lorota da mágoa
por não encontrar meu contentamento.
Perco a razão do vivente,
mas no convívio, dentro de um conto
lapido do meu jeito o sonho...
E à francesa saio pela tangente.
Ah, sei que o seu pensamento é só meu,
e num breve instante em branco
escorrem os pigmentos mais francos
e colorem todo o nosso apogeu.
Esvazie-me – preencha-me
conheça o verso e o avesso
rima após rima – sabe que deixo!
E depois, ao acordar sozinha,
vá viver se estou na esquina.
- André Anlub