RECAÍDA
Ontem desisti do peso da dor
como um crente
chamei teu nome
e, removendo a pedra do sepulcro,
carreguei te nos braços
despi a máscara mumificada
e me sorriste, redivivo.
A verdade é que eu morri
quando te deixei
e no meu lugar teu corpo,
emprestado, impostor,
fazia as honras da morte
injetado de promessa.
Hoje que acordei dona de mim
não pude ser de outro
a meu lado, o amor posto
trêmulo agonizante
vazava o mel do milagre
por todos os orifícios
e de olhos arregalados
clamava ressurreição...