TENHO MEDO
Tenho Medo de ti.
Me fizestes ser o que sou,
com meus defeitos,
com minha sina.
Não entendo o que sou,
pois és tu que me dominas.
Problemas de saúde,
que deixaram marcas profundas,
me remodelaram e transformaram
em alguém que se esconde,
muitas vezes por vergonha
da doença que me carrega,
e que eu carrego.
Prefiro te ver longe,
Mas não me entrego!
Brigamos todos os dias,
mas quando ela aparece é feroz.
Minha maior Algoz,
me deixastes com apatia.
Devastas minha alma,
me fazes ser apenas teu súdito,
e ter a certeza que não posso contigo.
Me deixas no desabrigo,
me feres fico estúpido.
És covarde, não avisas,
quando tomas posse do meu bem mais precioso,
me derrubas, me deixas caído
e sem chances para lutar.
Meu encontro não conciso.
Fazes sofrer à quem mais amo,
esse é meu pior pesadelo.
De mim não tens apego,
me devoras,
minha autoestima vai embora
Cruel e Funesta Senhora.
Ventania feroz que me arrasa,
que me tira o ponto de equilíbrio
e me faz ser um nada.
Epilepsia é teu nome.
Não tens sobrenome,
és ventania feroz,
sepulcro da Felicidade.
Indolente, Sepulcro atroz.
Deusa da Vaidade pois me dominas,
não posso contigo.
Jamais me darei por vencido.
Serás minha Eterna companhia,
tenho apenas que aceitar minha sina
e me acostumar com essa ideia,
é minha Prosopopeia,
te acho alguém, mas nada és,
tenho que te aceitar mas é difícil.
Talvez me acostume. É bem provável.
Não tem jeito.
Por tua causa
deixei de ser afável
Me roubaste meu lado social,
meus sentimentos.
És o meu lado mau.
Tenho medo de ti.
Conseguistes, Funesta Senhora,
és Dona do meu Destino.
Parece que não tenho tino,
mas é esse o desatino.
Luto contra ti todos os dias.
Tento pensar, escrevo,
faço atividades mentais,
de ti não quero nada mais,
que Distância, ficar longe
e como um Monge
eu te expulso,
não quero ficar maluco.
A Demência é o próximo passo,
já estão aparecendo os sinais,
mas eu te expulso
em nome do Divino Espírito Santo,
pra sempre Glorificado,
ao qual eu peço tanto
que fiques bem longe de mim,
tu não serás o meu Fim,
não terás o prazer de comer da minha carne,
pois ela tem dono, é Divina.
Essa é minha história, minha sina.
Mas quando cruzar o Vale da Morte,
finalmente estarei livre de ti,
essa será minha Sorte
e serei feliz para todo o sempre.
AMÉM.
NELSON TAVARES