A Passagem

Numa nuvem negra carregada de fuligem Tânato se aproxima

Encobrindo o brilho translúcido da aurora com sua hedionda execração

Esplendorosa as trevas dilui o dia, expondo sua repugnante anatomia

A litania fúnebre é recitada em coro, em sôfrega entonação,

Por seres peçonhentos herdeiros da funesta maldição

Vermes que sinistramente fluíram do ventre estéril da terra

Retorcendo seus corpos necrosados pela anoréxica dor da fome

Sôfregos se lançam sobre um corpo inanimado de mulher,

Com singelas vestes brancas, dentro de elegante caixão

Num átimo a nuvem negra de fuligem se desfaz no firmamento

Para abrir espaço a um delicado par de asas de arminho

Que ao som de liras angelicais, desaparece no magistral azul do céu.

(Edna Frigato)

Edna Frigato
Enviado por Edna Frigato em 12/09/2015
Código do texto: T5379695
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