O CANTO DO VERSO

E me perguntam se sou poeta

Sou

posso dizer que sou

sonho acordado

ando a cismar sem prestar atenção

e tudo vejo e sinto e esqueço e me lembro

morro de amores e ressuscito e tenho arrepios

só de pensar na amada de ter a amada de possuir a amada

viro vulcão maré brava e ressaca de mar

ao mesmo tempo sou superfície de lago no vale

sou cachoeira e cascata

sou guerreiro amo minha pátria

por ela morro e vivo

carrego flores

desembainho o sabre

canto hinos que faço à paz

canto e choro

minhas lágrimas são os diamantes

que ofereço às mulheres que amo

elas são meus tesouros e eu as guardo no coração

e as espalho como pólen nos versos que escrevo

todos de saudades e de galanteios e de amor

e eu também finjo

amo vinho

distribuo pães

divido mais do que amealho

sou poeta

e se me perguntarem

digo sou.

Carlos Magno de Melo
Enviado por Madalena Gomes em 14/09/2015
Reeditado em 14/09/2015
Código do texto: T5382399
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