UM VULTO NO PASSADO
01 Olhei por uma janela
Para ver o horizonte
Mas havia uma neblina
Naquele campo distante
Eu só via ali por perto
Ou no alto, o céu aberto
Com seu azul fulgurante
02 A janela era o tempo
Descortinando o passado
A neblina eram as falhas
Da memória sem rescaldo
As lembranças eram cores
Que se tornavam em dores
No presente recordado
03 Em meio à neblina branca
Vi um vulto muito além
Parecia uma pessoa
Como se fosse alguém
A caminho do futuro
Onde o céu era escuro
Sem a beleza que tem
04 Aquele alguém era eu
Num passado que ficou
Pra fazer a trajetória
Que o destino marcou
Na janela que eu via
Notava que ele seguia
Numa estrada que acabou
05 Minha visão do tempo
Tinha muita anomalia
Todas eram tranqueiras
Que na estrada existia
Porém sem pressa eu andava
De vez em quando eu parava
Para saber onde ia.
06 Setenta anos passaram
Contendo aquela neblina
Na via que vulto andava
Tinha riacho e campina
Mas também tinha montanha
Com precipícios de ganha
Perigos de uma sina
07 Estive por muitas horas
Olhando pela janela
Aquela sombra escura
Vinha em direção a ela
Mas a neblina presente
Era um fator aparente
E do tempo uma cancela!
08 Afinal eu desisti
De na janela olhar
Mas digo que eu estive
Meu passado a contemplar
Pude lembrar de fatores
Que causaram muitas dores
Com lágrimas a derramar!
09 Hoje, por ser o presente
Nos dias que estou vivendo
As lembranças são vitórias
Daquilo que estive vendo
Mas confesso honestamente
Que tenho em minha mente
Que meu vulto está ausente!
................................................................