Confortável
Não finjo ser feliz,
Desconstruo sorrisos.
A figura que vejo é inacabada.
Sou a morte em vida,
Alma entristecida.
Estou ausente de mim,
Não quero me olhar.
Não tenho forças para fugir.
Sou escrava da minha inércia.
Minhas indignações gritam.
Sufoco meu tormento,
Banho-me em lamentos.
Meu lar é minha prisão,
Sinto-me confortável.
Condenei-me a não viver.
O eterno se diluiu,
A minha solidez era liquida.
Vi minha alma partindo.
Sorri para os meus temores,
Meus anseios se olharam.
Meus desejos se cruzaram.
Acomodei-me nessa inadequação.
Vivo de incertezas .
As recordaçõpes são minhas escoras,
Sou uma sombra na escuridão.
Não sei mais o que é sonhar,
Sigo indiferente.
Não tenho como justificar minhas derrotas.
Distanciei- me de meus objetivos,
Escondo-me de minhas desesperanças.
Lamento a minha inexistência,
Tudo o que fui se perdeu,
As minhas indagações silenciaram.
Minhas convicções inexistem,
Pedi licença para desistir.
Aqui termina a vida,
Sou alma que chora.
Canto o meu luto.
Sou apenas um ser no mundo,
Mulher que um dia amou.