Refugiados

No escrever e apagar das palavras

resta pouco daquilo que me traduz.

Mas me reconheço no reflexo da vidraça

vendo os momentos desfilando lá fora,

ou nessas coisas que acrescentam sentido à vida,

fugazes também,

nas angústias dos rostos que passam,

outras histórias que o mundo traz,

no ritmo estranho de todas as horas.

Em todos os lugares, as trevas

a tristeza dos que são manobrados,

como se não houvesse futuro

ou tempo para discutir.

Sempre jogados, e ocupados

no básico essencial para sobreviver

só depois vem a escolha entre a revolta

e a angústia.

A batalha só existe

quando se tem consciência daquela força

que permite lutar.

Falo da angustia enorme

de não se sentir capaz de conquistar,

e depender de algo que venha salvar

ou migrar para o seguro,

buscando a coragem gigantesca

de apenas fugir...

Soraya Souto
Enviado por Soraya Souto em 21/09/2015
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