O espelho e eu

Sinto o cheiro de gente nas ruas. Andar entre as pessoas não me é mais um constrangimento.

É um desejo realizado, um sonho plasmado nas calçadas urbanas.

Não vivo sem ti,

Não existo sem você.

Um pedaço de todos está em mim; uma palavra das almas humanas ecoa das cavernas de meu eu.

Sou o que sou mais todos que conheço e não conheço.

Sou uma pedra de tropeço, um espinho cravado em teu pé, sou teu irmão.

As muitas faces que vejo, os rostos que encontro, o sorriso ou o choro de espanto são tudo marcas da hora; são fibras tecidas nas minhas entranhas, são árvores da mesma floresta.

Toda madeira seca será queimada!

Isso eu ouvi quando menino.

A trapaça da vida não me isenta das chamas do futuro;

Nem do purgatório prometido pelos puros.

Somos uma massa fermentada pelas ideias alheias.

Somos bruxos convertidos à cruz, mas, nunca esquecemos o pentagrama e seus elementos.

Somos uma boiada que caminha no mesmo pasto;

Somos uma manada de porcos que teme aos homens e o frigorífico.

Ando convosco, contudo, nem sei pra onde vou;

E quando parado, delírio meu e teu, não sei onde estou.

O outro atravessa minha trilha diurna sempre avante, seus passos nunca cessam e nem suas mãos se cansam de fazer.

Todos os dias os homens plantam sonhos e se esquecem pela força da lógica das cidades.

Tenham piedade!

Sou mais um sonhador!

Acordei cedo esta manhã e o mundo estava vazio.

Olhei para o espelho do banheiro, e eu não estava lá...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 24/09/2015
Reeditado em 03/11/2016
Código do texto: T5392954
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