Alma (5)

______________________Alma 5

O meu olhar em volta

fez-se rupestre de ler as sinas

tatuadas na pele

da falésia dos tempos.

Retive, por instantes,

a acepção imperativa

daquele memorando milenar

já para amanhã;

Aí adiante alberga-se

o próximo desígnio:

Procurar respostas

nas histórias do vento;

ler toda a existência

e o quanto de indiciante

de qualquer ritual a partir

do desabrochar da flor.

Detecto uma esperança

que se obstina em fluir

como água de um rio

mas sem qualquer leito

ou efeito condicional.

Esperança fluida, mas nada

que não se abarque

mesmo só com as mãos...

nada que não nos banhe

de corpo inteiro.

Um fluir feito premência

e a ficar-nos os olhos

perdidos em remoinhos

junto à margem,

a ficar-nos a alma suspensa

do sobressalto que nos assiste

no decurso de uma vida.

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_________________LuMe

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 26/09/2005
Reeditado em 06/02/2018
Código do texto: T53950
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