Alma (5)
______________________Alma 5
O meu olhar em volta
fez-se rupestre de ler as sinas
tatuadas na pele
da falésia dos tempos.
Retive, por instantes,
a acepção imperativa
daquele memorando milenar
já para amanhã;
Aí adiante alberga-se
o próximo desígnio:
Procurar respostas
nas histórias do vento;
ler toda a existência
e o quanto de indiciante
de qualquer ritual a partir
do desabrochar da flor.
Detecto uma esperança
que se obstina em fluir
como água de um rio
mas sem qualquer leito
ou efeito condicional.
Esperança fluida, mas nada
que não se abarque
mesmo só com as mãos...
nada que não nos banhe
de corpo inteiro.
Um fluir feito premência
e a ficar-nos os olhos
perdidos em remoinhos
junto à margem,
a ficar-nos a alma suspensa
do sobressalto que nos assiste
no decurso de uma vida.
.
_________________LuMe