Chuva que segue

Chove chuva,

inunda os rios de pedra e barro

Escurece os remendos da cidade

Desperta os arvoredos em flor

Chove chuva,

recomeça sua melodia inquieta

Assovio do vento, sopro de tempestade latente

Que a noite é muito escura para não te ver brilhar

Que o agora é muito rápido para não te ouvir cantar

Chove chuva,

vem me contar suas mágoas

Histórias antigas, momentos de glória

Pequenas palavras na enxurrada das horas

Chove chuva,

vem me trazer o que é novo

Me leva para longe de mim

E me entrega para o trovão

Na corredeira de faíscas do firmamento

Chove chuva,

vem sussurrar novamente o silêncio

A calmaria do amanhã inesperado

Que a noite é muito longa sem o seu lamento

Que o sonho é muito fraco sem o seu prazer

Chove chuva,

traz o amanhã em descanso profundo

E vem me buscar em soluços

Onde a memória é apenas a chuva que cai

E depois se esquece

Vem me levar para longe da noite

Onde eu possa enfim recomeçar

E seguir em frente sem olhar para trás

Chove chuva,

varre das noites a incerteza

Que a chuva é muito breve para não te ver viver

E me abraça sem saber a resposta

Que a vida é muito curta para não te ver chover