Grito no Silêncio

Há quem diga que quem aceita, desiste.

Discordo.

Me recuso a pensar que minha vida é uma série de desistências.

Ao nascer, aceitei a palmada do médico.

Ao crescer, aceitei o mundo em que vivemos.

Agora, aceito as porradas que recebemos de tudo e de todos.

Na verdade, quem aceita, resiste.

O único modo de sobrevivermos com algum resquício de felicidade,

É a resistência,

É a teimosia,

É a ousadia de acordar todo dia,

E mais uma vez apanharmos,

Para deitar nossos corpos cansados,

Derrotados mais uma vez no final do dia.

Porém, com a consciência de que mais um dia se passou,

Na esperança de calejar-se para que os outros que vêm não sejam tão [dolorosos.

Alguns dias sinto que não vou mais agüentar.

Sinto raiva, ódio, tristeza e inveja.

Sinto-me miserável,

Mas sei que não posso desistir.

Quando nasci, fiz um pacto.

Junto com todos que nasceram, nascem e nascerão.

Aceitamos resistir cada dia bravamente.

Com que intuito?

Não sei.

Mas eu não posso voltar com a minha palavra.

Uma das poucas armas que tenho.

Quem sabe um dia,

Eu entenda o por quê.

Da minha luta, da minha força.

E descubra o tom do Blues que tocaram pra mim assim que nasci,

Para que assim eu também possa sofrer em tons menores,

Junto dos que sofrem calados por terem muito a dizer.

Sibly
Enviado por Sibly em 26/06/2007
Código do texto: T542339
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