O plantão.
O vento frio já anuncia a madrugada
A cama vazia indica a insônia voluntária
Dentro da sala se formam as sombras da espera
Os corredores tranquilos anunciam a bondade da primavera.
As lágrimas e berros distantes se proliferam
Misturando-se com as olheiras dos que zelam
Os brinquedos se espalham no chão da casa na correria
Esquecidos pela procura ao hospital pelo sanar da histeria.
As famosas gotinhas para a melhora do dodói
Ou uma furada da tia que o choro logo se constrói
Abrem a boca após um esforço descomunal
E te olham atravessado como quem é ferido por um animal.
A febre e a dor passam e o esmorecer é esquecido
Mas se não passar vitaminas para casa o familiar sai enfurecido
Os pequenos só sorriem avessos ao mundo de gente grande
E a naturalidade dessa gratidão dá esperança que a humanidade ande.