A jovem encantada

O arrebol abrilhantava as casas

E pousava naquela varanda, onde

as samambaias se declinam

em cascatas verdejantes

E as flores de junho esquecidas

Florescem em outros tempos

A moça na cadeira folheia o livro

Páginas antigas de um velho romance

Escrito por alma sensível e transparente

A moça lê encantada e atenta...

Vem o Passo Preto a chilrear seu amor

E o nobre pássaro nem mesmo é notado

Vem também o colibri a fazer festa

Em torno daquela rosa perfumada

E nada a tira da leitura tão silenciosa

Zéfiro canta sopranos e toca clarins

As mariposas pousam no alpendre

E ali se balançam ao vento

Era tarde bem tardezinha e o ocaso

Já ia esfriando os raios dourados

O momento declarava à noite

Ali, aos poucos, o lugar tornou-se vazio

A cadeira ainda balançava

E o céu se pintava de aquarelas

A escuridão banhava o horizonte

O livro exausto repousava nas mãos da donzela

Enquanto, ela pensava em Romeu, ah Romeu!

Jennifer Melânia
Enviado por Jennifer Melânia em 05/11/2015
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