POEMA SECO

Dancei novembro nos campos: flutuei

Nos segundos tensos de arrebóis esperançosos

Passos no caminho incerto

Dancei novembro

Sobre cactos suspensos

Centenas de andorinhas me espreitavam

Loucas, sedentas, angustiadas

Em coreografias infinitas clamavam no vento

Em um lugar que não sei onde

Mas, eram palpáveis no horizonte infinito

Romançais de sol derretidos nas retinas

Dancei nos minutos demorados das sombras

De cajueiros renascidos pela sorte

De onde a castanha, presságio do além vida

Das sabiás de novembro. Dancei sobre a morte

Do beijo sem saliva

Fênix escondida no semiárido