A noite chora as causas perdidas
A noite chora as causas perdidas.
As lagrimas varrem as calçadas.
As folhas escorrem pelas valas,
Mas você continua lá.
Parado. Na chuva.
Molhado, mas seco.
Frio. Partido ao meio.
Ardendo como uma brasa.
Labirinto é a minha alma
Tentando entender por que.
Vazia é a minha carcaça,
Ponderando sobre o futuro.
No meu barco, há sempre algum furo,
Que me carrega pro fundo
E me afoga, como sinal
Do que está pra acontecer,
Dançando sob seus olhos...
Fugindo pro infinito...
Fugindo do meu alcance.
Eu queria por um instante
Fazer tudo diferente.
Queria ser inocente.
Queria ter sido presente.
Ter sido tudo o que fui
Nas suas expectativas.
Mas sou um vagabo errante,
Escravo de minhas premissas.
Minha vida foi sempre omissa.
E é quando você percebe,
Que o único elo quebrado
Fui eu,
E que toda a culpa
É minha.
Pra sempre,
Lamentará as feridas
Abertas e desmerecidas.
Pra sempre,
E sempre é mais longo que um dia,
Perdurará essa sina,
De nunca ter feito nada.
A solução é distante
Olhando de cima do muro.
Pessoas são todas frágeis.
Humanos são todos sujos.
Escolhas são todas falhas,
E cada raiz cortada
Traz sete problemas ao mundo.
Sua mente, sempre vagante,
Não pode pensar em nada.
E o tempo, que em vão se passa,
Cheio de lero-lero,
Te lembra que a vida não para.
Correndo para a devassa,
Sujo de verde e amarelo,
E vermelho,
Não passas de um estorvo.
O sangue nas tuas mãos,
Não corre nas tuas veias,
Mas corrói a tua vida,
E envenena teu corpo.