Ontem senti que tivemos a nossa última transa
Ontem senti que tivemos a nossa última transa
Eu cultivava esperanças, agora guardo lebranças
Pra abrandar as perversoes
Que brotam no dia a dia
Seu mais novo amor fascina
Desejo felicidade, que lhe traga muitas rimas
Desejo que colha frutos
Desejo, mas te desejo
E vejo que o que eu anseio
É algo que já não existe
Não dá pra correr atrás
Do que passou
Não dá pra fingir estar onde não estou
O nosso rockenrou perdeu a batida
Eu só vou acumulando dores
Ignorando-as
Esbravejando temores
E prevendo com relutância
O desenrolar dos dias
Será que algum dia você volta a me querer
Trazida por uma brisa
E volta a me entorpecer
Com o teu olhar
Vem arfar no meu pescoço
E acalentar com um sorriso
O meu eu tão necessitado...
Mas você já não é mais quem poderia ser pra mim
Agora é colombina cortejando o arlequim
E eu sou pierrot
Amargurado por ter o meu amor não declarado
Afogado pelo tempo.
Selei o porão com cimento
Tento parecer igual
Mas um vazio poderoso se apodera de mim nessas noites tão insossas
E meu sorriso já não deve ser muito convincente
Mas estou contente, ao menos, que tivemos uma despedida
Que pude tirar da cabeça essa vontade incisiva
E esquecer por um momento de tudo que nos separa.
Já não nos resta mesmo muito tempo.
O futuro dirá, hei de esperar
Mas não tem jeito, as coisas sempre vão mudar.
E se um dia a gente voltar a se encontrar em berço trêmulo,
Já não será o mesmo eu nem a mesma você.
Talvez seja melhor,
Se o tempo mostrar-se amigo.
Pode continuar sendo assim
E cairemos no ostracismo.
Eu até tento ser mais solto,
Mas tenho medo do que pode acontecer.
E então tento ser conciso,
Mas os sentimentos explodem na minha cabeça
Antes que eu perceba, já perdi as estribeiras,
E apesar de tamanhas incertezas,
Eu estou contando os dias...