Ontem senti que tivemos a nossa última transa

Ontem senti que tivemos a nossa última transa

Eu cultivava esperanças, agora guardo lebranças

Pra abrandar as perversoes

Que brotam no dia a dia

Seu mais novo amor fascina

Desejo felicidade, que lhe traga muitas rimas

Desejo que colha frutos

Desejo, mas te desejo

E vejo que o que eu anseio

É algo que já não existe

Não dá pra correr atrás

Do que passou

Não dá pra fingir estar onde não estou

O nosso rockenrou perdeu a batida

Eu só vou acumulando dores

Ignorando-as

Esbravejando temores

E prevendo com relutância

O desenrolar dos dias

Será que algum dia você volta a me querer

Trazida por uma brisa

E volta a me entorpecer

Com o teu olhar

Vem arfar no meu pescoço

E acalentar com um sorriso

O meu eu tão necessitado...

Mas você já não é mais quem poderia ser pra mim

Agora é colombina cortejando o arlequim

E eu sou pierrot

Amargurado por ter o meu amor não declarado

Afogado pelo tempo.

Selei o porão com cimento

Tento parecer igual

Mas um vazio poderoso se apodera de mim nessas noites tão insossas

E meu sorriso já não deve ser muito convincente

Mas estou contente, ao menos, que tivemos uma despedida

Que pude tirar da cabeça essa vontade incisiva

E esquecer por um momento de tudo que nos separa.

Já não nos resta mesmo muito tempo.

O futuro dirá, hei de esperar

Mas não tem jeito, as coisas sempre vão mudar.

E se um dia a gente voltar a se encontrar em berço trêmulo,

Já não será o mesmo eu nem a mesma você.

Talvez seja melhor,

Se o tempo mostrar-se amigo.

Pode continuar sendo assim

E cairemos no ostracismo.

Eu até tento ser mais solto,

Mas tenho medo do que pode acontecer.

E então tento ser conciso,

Mas os sentimentos explodem na minha cabeça

Antes que eu perceba, já perdi as estribeiras,

E apesar de tamanhas incertezas,

Eu estou contando os dias...

Lugui Nacinovic
Enviado por Lugui Nacinovic em 27/11/2015
Reeditado em 27/11/2015
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