O Mestre do Óbvio
...E ele veio de tão longe, só para mostrar
tudo que eu já podia enxergar:
A beleza explícita da natureza
os sons da mais perfeita sinfonia
a obviedade do que é belo por si mesmo.
Mas, assim mesmo, insistiu em vir,
cavalgando, sem cessar
passando por terras e mundos tão distantes
que eu nem podia imaginar...
E,chegando enfim,neste meu espaço,
apeeou, cansado...e vitorioso
para entregar-me em mãos,
um vasto memorial de obviedade
como se fora grande novidade,
ou relíquia preciosa e rara.
E,veio de tão longe, essa criatura,
....para que?
Se tudo que me deu, era conhecido
e devidamente apreciado?
Se, apenas com um toque de meus dedos
nas teclas de um velho computador
eu já produzia esse milagre...
sem nenhum esforço?
Melhor seria se tivesse me trazido
as razões mais profundas de todos os desvarios...
que transformam águas límpidas em lama
e seres humanos em cadáveres,
enquanto, inocentemente exercem
seu pleno direito de viver...
Melhor ainda, se depois de tão árdua jornada,
tivesse me entregado em mãos
todas as obscuras razões
que fazem dos humanos,seres insaciáveis,
mesmo diante de tão farta beleza...
No entanto,o que poderia se esperar?
Era o Mestre do Óbvio...
e nada mais teria a me dizer
que, sozinha, eu não pudesse desvendar
ou a mim mesma perguntar...e responder.