O Mestre do Óbvio

...E ele veio de tão longe, só para mostrar

tudo que eu já podia enxergar:

A beleza explícita da natureza

os sons da mais perfeita sinfonia

a obviedade do que é belo por si mesmo.

Mas, assim mesmo, insistiu em vir,

cavalgando, sem cessar

passando por terras e mundos tão distantes

que eu nem podia imaginar...

E,chegando enfim,neste meu espaço,

apeeou, cansado...e vitorioso

para entregar-me em mãos,

um vasto memorial de obviedade

como se fora grande novidade,

ou relíquia preciosa e rara.

E,veio de tão longe, essa criatura,

....para que?

Se tudo que me deu, era conhecido

e devidamente apreciado?

Se, apenas com um toque de meus dedos

nas teclas de um velho computador

eu já produzia esse milagre...

sem nenhum esforço?

Melhor seria se tivesse me trazido

as razões mais profundas de todos os desvarios...

que transformam águas límpidas em lama

e seres humanos em cadáveres,

enquanto, inocentemente exercem

seu pleno direito de viver...

Melhor ainda, se depois de tão árdua jornada,

tivesse me entregado em mãos

todas as obscuras razões

que fazem dos humanos,seres insaciáveis,

mesmo diante de tão farta beleza...

No entanto,o que poderia se esperar?

Era o Mestre do Óbvio...

e nada mais teria a me dizer

que, sozinha, eu não pudesse desvendar

ou a mim mesma perguntar...e responder.

Mareluz
Enviado por Mareluz em 07/12/2015
Reeditado em 07/12/2015
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