Vida na morte

São olhos negros sem vida

São almas vagando perdidas

Num mundo de trevas

Onde seres mortos evocam as guerras

Dos calabouços ouvem-se gritos

Da terra fluem espíritos

Os demônios invadem as ruas

Catervas, falanges nuas

Ecoam seu cântico fúnebre

Calam os heróis sem nome

Proliferam a dor

Assassinam os homens de fome

Terror, horror sem pudor

Lavam o mundo com sangue

O mar cozinha seus filhos

Na terra os justos são punidos

Os injustos glorificados

Condenados no tribunal da hipocrisia

Os justos pagam por não ter pecados

Deixam rolar por seu pranto

A última lágrima que resta

Molhando seu próprio sepulcro

Ceifando sua própria vida.