A B U T R E

Certo féretro estirado encontrava-se no pó

Daquela terra deserta, seca e árida.

Tanto é que o silêncio habitou na solidão

E o que outrora era ouro,

Agora... jazia no excremento do ser condenado.

Para nada servia tal corpo, senão para os

Aplausos do vermes que o devoraram na

Sua arrogância fétida do poder atirar

A primeira e única pedra.

Enquanto aprofundava-se naquele jazigo

Gélido e intrépido;

Algumas consciências virava-lhe a face,

E aí então o cisco lhe havia sido transformado

Em trave...

Negaram-lhe a palavra sim

Certo perdão, não

Alguma razão... a inesgotável graça

Da sobrevivência.

Neste ato tão inerte restou-lhe apenas

Um olhar atento, que de longe aguardava o tempo

De devorar a aparente matéria

D’uma carne sofrida, humana e...

Abandonada.

Os olhos foram devorados primeiro,

Logo depois as extremidades, cartilagens e

Por fim...

Degustaram as vísceras.

Contudo, não puderam consumir

A sua dignidade real, sobrando apenas

Um certo questionar:

‘Ninguém te condenou?’

O pássaro continua fiel ao seu posto

Cabendo somente o defunto decidir.

Continuar estirado por terra, ou reerguer-se?

E assim a história se consumou.

Houve o resgaste do humano,

Tão frágil que assim foi feito homem e

Habitou no meio de nós.

21/08/2015

Eugênio C. M

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 22/12/2015
Código do texto: T5488275
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