Que vontade de ser criança

Eita ano inaugurado...

Que quase nasce sem esperança,

Quem é que não tem lembrança

De um tempo abençoado

Vivido na lá na infância.

Se no prato pouco era o feijão,

Talvez passasse o leiteiro,

Eu não conhecia a tal inflação,

Eu brincava era de banqueiro

Gastando mais de um milhão.

No outro dia eu era bombeiro

Apagando as chamas da ilusão

De um sonhador muito arteiro.

Nunca ouvi falar em corrupção,

Mas já conhecia o mundo inteiro.

O nosso mundo era o sertão,

Eu também já fui boiadeiro,

Maquinista e dono de pensão,

Aprendiz de mensageiro

E até piloto de avião.

Hoje no espelho vejo a criança

Escondida na mecha grisalha

Revela um afeto que me alcança

Diante do olhar cheio de inocência

A alma infante gargalha

A fronte revela a experiência

E no íntimo a trama se espalha

Que vontade de ser criança

Na casa coberta de palha.

BHZ - 03/Jan/2016 13:50 h.

Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 03/01/2016
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