O QUARTO LADO DA VIDA (***)

Clodomir Monteiro

me mando pro mar das bermudas

vestindo casaco e na proa

sou parte anterior desta nau

não falo se olho me penso

dormindo no musgo do casco

mergulho na linha do som

pretendo afundar os três cones

sumindo nos vãos de meus dedos

são furos na água do nada

se sopro sedentro de ar

percebo meu mastro agitado

sem nada na onda que anda

se finjo renascer de um boto

rosando regaços de virgens

são penas que apenas depeno

roendo memória de amigos

retiro o casaco e me abraço

navego eu andor da existência

resisto descer ao convés

reato os três lados da barca

não sei se já vou ancorar

o barco de quem me decifra

no quarto lado navega

Palavraria

2003

------------------------------------------------------------------- (***) obs: este poema completo contém sua repetição, se o leitor depois de lê-lo convecionalmente, fazer novas leituras: de baixo para cima, da direita para a esquerda e de todas as palavras com as demais, obedecendo rotas de leitura complementares.O leitor/autor fará assim novas viagens, sem perigo de destruição do sentido original. ao contrário.

clodomir monteiro da silva
Enviado por clodomir monteiro da silva em 03/07/2007
Código do texto: T550077