O sabor do Anis
E há a transformação diária dessa fúria interna em calmaria
A brasa que queima a analogia das almas
Um mar rubro de gozo em harmonia
Que deságua nas anáguas transparentes femininas
E escorre pela face e boca da submissão masculina
O amor cálido é arrastado em peso pela prata do anzol pontiagudo
Na beira da praia do caos desnudo
Triturando a pele em grãos de refinado sal corrosivo
Interpelando em êxtase os pares no altar do luminoso contentamento
Os olhos fixos e umedecidos se entrelaçam através da óptica imaginária
O corpo que desenha no contorno das mãos
Que desenrolam os nós dos cabelos cor de anis
E se quis o ardor dos cabelos que arrepiam na pele
A pele que irradia o perfume contraditório entre certo e errado
O rubor escalando a face em movimentos sem nexo
Corpos conexos sem disfarces
Onde gritam os poros por compaixão de prazer momentâneo e infinito
Sob a nuvem densa que entra em estado de liquefação
Transbordando a face despersonalizada
Invertendo os papéis da submissão
Entre as bocas
E paredes que pingam
O suor do grito desesperado por aquilo que se denominou por si só
E ninguém tem explicação.