O sabor do Anis

E há a transformação diária dessa fúria interna em calmaria

A brasa que queima a analogia das almas

Um mar rubro de gozo em harmonia

Que deságua nas anáguas transparentes femininas

E escorre pela face e boca da submissão masculina

O amor cálido é arrastado em peso pela prata do anzol pontiagudo

Na beira da praia do caos desnudo

Triturando a pele em grãos de refinado sal corrosivo

Interpelando em êxtase os pares no altar do luminoso contentamento

Os olhos fixos e umedecidos se entrelaçam através da óptica imaginária

O corpo que desenha no contorno das mãos

Que desenrolam os nós dos cabelos cor de anis

E se quis o ardor dos cabelos que arrepiam na pele

A pele que irradia o perfume contraditório entre certo e errado

O rubor escalando a face em movimentos sem nexo

Corpos conexos sem disfarces

Onde gritam os poros por compaixão de prazer momentâneo e infinito

Sob a nuvem densa que entra em estado de liquefação

Transbordando a face despersonalizada

Invertendo os papéis da submissão

Entre as bocas

E paredes que pingam

O suor do grito desesperado por aquilo que se denominou por si só

E ninguém tem explicação.

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 14/01/2016
Código do texto: T5510370
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