Tigre de Asas

Tigre de Asas

A noite é veloz e esquecimento.

A Flor que me anima – Esperança.

A alma é hora triste,

desencontrada,

E eu, o que nunca sabem.

Andanças minhas não faces.

Lembranças as nunca fases.

Abraços de fugazes

Esperares.

Ruídos amassando folhas,

Amares invadindo ruas.

Fraquezas de desenlace,

Soturnas e nuas fugas.

As vidas que ocultasse,

A dor que se encondesse,

O beijo desanuviado,

O triste de esquecer – se.

Amor como não sabem

Chamá-lo de outros nomes?

Se, quando nas praças, o encontro,

Não sei como chamá-lo.

Se quando a relva é triste,

Se quando já chorei,

O amor se existe,

ao longe me olha e finge

Nunca saber,

O doce dos meus olhos,

O quente dos meus lábios,

O aroma dos meus fortes

Silêncios de enternecer.

Amor já me tocaste,

Amor triste notar

Idas de não voltares

O Nunca esquecer.

Teus lábios, despetalares,

As pétalas do meu querer.

De que me vale amar-te?

De que me valeu dizer?

Que amor há de faltar-te?

Se o meu não faltará

Que flor há de tocar-te?

Se a minha há de murchar.

Não sou de embrenhar-me

A voz é meu calar

Rouquidão de lembrar-te

Solidão a acariciar.

Tigre de asas, no olhar,

As noites são lugares,

De selvas nunca selvagens

Vertiginosa me fazes,

Sentir a minha queda,

Meu sonho já foi contigo.

Teus lábios já se fecharam

E os meus secando-me

A feliz flor nos meus olhos.

Amor não sei, achar-te,

Amor já o perdi.

De asas o meu vagar

Predador de mim.

O tigre que já não sou

A asa que me derrubou

A flama que me apaga

A vida que me naufraga.

Teu nome eu sempre sei

Teu nome eu sempre fui

Ouço o que chorei

Provo o que sofri.

Horas de tuas horas

Aflorar de teu partir

Brisa quando coras

Luz do meu sentir.

Tudo somos e nada

Tigre, gata e solidão

Cais que me afaga

olhar em meu coração.

Hora de perder-te

Hora de dizer

Faltam – me as horas

Aonde está você?

Do Livro Poemas Mal_Ditos