Abstrata
Tento agarrar com todo meu vigor
Aquela que entre os dedos me escapa.
Não me importa se é concreta ou verdadeira,
Pois é resultado de plena e completa abstração.
Mesmo existindo nos sonhos de noites quase insones,
Foge em velocidade vertiginosa, tal qual estrela caída,
Que em sua fuga tem pressa de voltar ao céu.
São nessas noites nebulosas que tento voar em espiral
E busco ascender ao Reino dos Sonhos e ali a encontrar,
Seguindo os rastros que em noites seguidas ela deixou.
Embora não possa ser representada por fatos ou coisas reais,
De compreensão difícil, sem muita clareza, de modo obscuro,
Não consigo entender o seu afastamento, agora ligado à realidade.
Desejo as chaves que abrem os sonhos, cujos desejos se cumprem,
Ali vagar em busca daquela que povoava a vida em idílios noturnos
E continuar a desejar possuí-la de forma mais que concreta.
Mas o que fazer se ela desistiu de continuar sendo prisioneira,
Sempre atada aos sonhos tão abstratos