Caçador
Era fim de tarde daquele dia
Duma plena segunda feira
Fui planejando a minha ação,
Peguei a lanterna e o cantil
A renomada cartucheira
E um bocado de munição.
Prendi o cantil na cintura
No outro lado o facão
Uma garrafa de pinga pura
Para afastar a solidão.
Deixei a minha tapera
Pois a sede de caçar era tanta
Mergulhei na mata fechada
E logo cheguei ao local exato
Cercado pelos galhos de mato
Subi e sentei-me na espera.
Fazia um silêncio profundo
Acordes mais raro no mundo
Quebrado apenas pelos grilos.
Era só esperar a anta
Para completar meu almoço e a janta
Sem cometer nenhum vacilo.
Mas o tempo foi virando do avesso
Começando a relampejar
Vento e trovão daqueles estalados
Será que persisto ou desço
Indo embora desse lugar.
Quando preparei aquela seva
Bichos começaram a comer
Era mês da primavera
Perfumes florais a reviver.
De repente a chuva desceu
Encharcando o meu chapéu
Isso ganhou a madrugada
Não veio a caça nem nada
Pedro que abriu as torneiras do céu
Deixando minha pólvora molhada.
Desci com todo cuidado
Meio sem graça e desolado
Tomei o restinho do cantil
Para afastar o resfriado
Algo descendente do frio.
Confesso que a cueca virou coador
Hoje era dia da caça
Mas amanha volto de novo
Quem sabe a sorte me abraça
E seja o dia do caçador.
Francisco assis silva é poeta e militar
Email: assislike1@hotmail.com