POETA

Sabia que o conhecia!

De algum lugar, eu sabia!

Foi naquele dia, eu sabia!

Lá! Nos confins do Universo!

Era você!...

Estava em transe, em êxtase profundo!...

Lindo!

Envolto em perfumes e cifras, sons e magias...

Temerosa e vagarosamente, aproximei-me.

Não quis atrapalhar.

Queria conhecer tão nobre alma em serviço

E, antropofagicamente, aprender o seu labor.

Não deu tempo...

Saiu a levitar, em meio a sorrisos,

Disputando leveza com o vento!...

Que cena divina, o poeta a musicar!...

Pensei tê-lo perdido...

Já ia embora, um tanto consternada,

No momento em que o vi descendo,

Suavemente, por um fio tênue de sintonia,

Entre a Vida e a Arte,

Ao pousar, feito sopro...

Pude tocar-te.

Embriagado de música, de luz, de amor,

Contemplou meus olhos úmidos,

Sorriu e... foi-se...