CARNES - Poesia nº 26 do meu segundo livro "Internamente exposto"

Minha alma faz-me cortes,

Furando como aborto,

Esse meu corpo parido,

Desabitado de juramento;

Um ser regurgitado,

A transmutar-se,

Num vivo morto.

E se ali sobrar...,

Encher as frações

Do esquecimento!

E vermelha,

Intensifico as vergonhas

Torpes, afastadas da cura,

Revelando-me sanguinolenta,

Em minhas vis matérias;

Alimentando-se de mim,

Na eterna e crua loucura,

Doando-me em vida, nas

Ruas das minhas artérias!

Percorro caminhos que antes

Eu não quisera conhecer...

O que foi meu pai nestas esquinas,

Num jorro sem amor me fez nascer;

Meu pedaço de mãe que ficou,

Era o umbigo e já apodreceu;

E a parte que agora sou eu,

Em fatiadas dores se perdeu!

Eduardo Eugênio Batista

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Setedados
Enviado por Setedados em 29/02/2016
Código do texto: T5558597
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