pular ou não pular, eis a questão!

Certa tarde quando fazia um céu escuro no horizonte, estive a beira de um precipício sheasperiando um pouco: "pular ou não pular, eis a questão". Era um daqueles dias chuvosas e eu discutia essa "questão" com as vozes do bem e do mal dentro da minha mente. Ouvia Etta James no celular e bebericava vinho seco numa garrafa de santomé...

Estávamos só, eu e minha existência. Coexistindo com as pedras, com o orvalho, com a mata ao redor (clichê)... Perdidos no vazio. O mal tempo soprando vento na minha orelha. A vida acontecendo comigo e sem migo. Pois é sabido que ela acontece, mesmo para quem não pense sobre o assunto. Tudo está em constante movimento. Até quando muito parece estar parado. As coisas progridem. Evoluem. Decaem. Desde a parede que descasca sua tinta milímetro a milímetro, dia após dia, ao homem que envelhece um pouco mais a cada segundo, ao descer uma rua tagarelando pensamentos dentro de sua cabeça.

Estávamos só. Eu, meu existir, esse caderno e caneta que uso com o mesmo desígnio de quem toma calmantes.

"Pulo ou não pulo"

Ter a consciência do quanto sou egoísta e que tudo poderia ser pior não diminui meu sofrimento...

"pulo ou não pulo"

Faça o seguinte, tome mais um gole do vinho e esqueça a dualidade.

Simplesmente não escolha. Viva!

Tiago Torress
Enviado por Tiago Torress em 25/03/2016
Reeditado em 04/05/2018
Código do texto: T5584174
Classificação de conteúdo: seguro