Improprio para menores de sessenta anos...
Estou morrendo
Não me deixe morrer ainda
Já vivi mais de seis décadas
Procurando você
Acorda veja quem está do seu lado
Não fuja de si mesma
Você pode estar morrendo também, ela é inevitável
Não caminhe melancólica, você está na vertical
Você é árvore, você é um grito que ninguém ouviu
Não se queixe por pouca coisa, nem se angustie
Quem sabe, se amanhã estarei deitado em meu sofá
Ou deitado em uma maca de hospital, ou talvez em uma
mortuária
Hoje estarei deitado com você, escutando seu coração
seu gemido, seu sussurro
Neste momento estarei respondendo a tudo que você
espera e precisa escutar
Sai deste tédio, você é telúrica e a noite passou em silêncio
ao seu lado
Lá fora tem barulho, gente correndo, que ninguém sabe o por quê
Não omita um sentimento seu, para ajudar os seus
Cure da praga infinita de dar sem receber
Não me deixe morrer e não se mate
Reserve-se toda para bodas que ninguém sabe quando virão
Desfrute dos cheiros que lhe faz bem
Das palavras que quer escutar, e execute sem duvidar,
se entregando para amar...
Texto de poesia do novo livro nascendo... "Impróprio para
sessenta anos"