Balanço

Balanço

Sentado olhando para o céu nublado,

impressionado pelo silêncio sussurrante,

cultuando o trançar dos pássaros,

em gozo com o infinito e com o seu fim.

A brisa sopra forte teu rosto ressecado,

cansado de venerar e cultuar.

Só o que consegue imaginar e pensar é:

será que isso um dia irá acabar?

Sentado em um balanço, sentiu-se livre pela primeira vez.

Seus pés não tocavam o chão,

seu pescoço,

deitado ao norte por amor ao trovão...

Inclinava o peito, jogava-se à frente,

queria ir alto, não muito distante.

Sua mente vazia, livre de complicações,

só queria sentir o naufrágio do amor no coração...

Quanto mais alto, maior o horizonte,

montanhas escuras,

visão embaçada por lágrimas,

e o trovão.

Cenário de partida, todos os pássaros se vão,

o céu se fecha, o amor em vão.

Contemplar o vazio é amar o coração,

que se machuca com as palavras, que calam a respiração...