Entre os dentes

Entre os dentes havia sede e fome

Em sua face sacas de tristeza

Ninguém identificara seu nome

Se infame ou da nobreza.

Cabelos amarelado pelo sol

Mãos grossas e bem calejadas

Seu casaco de frio a doação dum lençol

Para se abrigar nas longas madrugadas.

Lábios ressecados com pouca saliva

Olhos distantes no fundo do poço

Alma sofrida ainda viva

Magreza no esqueleto a moldar o osso.

Retrato nítido do ser sem estudo

Talvez descendente do analfabeto

Onde o machado a enxada e a foice eram o escudo

Via se no colo da mãe um bebê e no útero um feto.

Ele um Magistrado da roça

Assim deixara perceber

Uma felicidade que hoje não almoça

Em cada amanhecer.

Assim era o tempo de paz e fartura

Quando se podia dormir de portas aberta

Agora até para morrer antes pague a sepultura

Para que seus vermes não fiquem em oferta.

Abaixo essa ditadura da desigualdade

Veja quanta gente pagando o preço

Quem pudera impor tanta maldade

Mas se a maioria escolhe também mereço.

Francisco assis silva é poeta e militar

Email: assislike1@hotmail.com

maninhu
Enviado por maninhu em 29/04/2016
Código do texto: T5619924
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