Entre os dentes
Entre os dentes havia sede e fome
Em sua face sacas de tristeza
Ninguém identificara seu nome
Se infame ou da nobreza.
Cabelos amarelado pelo sol
Mãos grossas e bem calejadas
Seu casaco de frio a doação dum lençol
Para se abrigar nas longas madrugadas.
Lábios ressecados com pouca saliva
Olhos distantes no fundo do poço
Alma sofrida ainda viva
Magreza no esqueleto a moldar o osso.
Retrato nítido do ser sem estudo
Talvez descendente do analfabeto
Onde o machado a enxada e a foice eram o escudo
Via se no colo da mãe um bebê e no útero um feto.
Ele um Magistrado da roça
Assim deixara perceber
Uma felicidade que hoje não almoça
Em cada amanhecer.
Assim era o tempo de paz e fartura
Quando se podia dormir de portas aberta
Agora até para morrer antes pague a sepultura
Para que seus vermes não fiquem em oferta.
Abaixo essa ditadura da desigualdade
Veja quanta gente pagando o preço
Quem pudera impor tanta maldade
Mas se a maioria escolhe também mereço.
Francisco assis silva é poeta e militar
Email: assislike1@hotmail.com