Velhas e próximas ruínas

Velhas ruínas, ruínas novas

Futuras ruínas que estamos a admirar

Velha cidade, ruína próxima

Do topo pássaros, ruas e mar

Quem são seus santos, quem são seus mortos?

Quem são seus vivos, quem toca o órgão?

Pra onde olham, se olhar angustiado?

Pra quem sorriem se olham pro lado?

Oh cidade nova, futura ruína!

Só aquela velha sabe o que tens

Teus trens, teus pássaros, tuas nuvens passam

Teus dias e sóis também

Ruínas de velhos, ruínas de novos

Que de tão novos só têm o velho pensar

Ou talvez nem pensem pois não vêem as ruínas

Em que seus ossos estão a se transformar

Quem são teus novos, quem são teus velhos?

Os prédios, igrejas, pessoas ou mar?

Os pássaros diversos ou o vinho da esquina?

Os morros com cantos ou árvores para parar?

Nada sei de tu, nova cidade velha

Nem sei quanto tempo tu vais aguentar

Antes de engolir e transformar em ruína

Esse canto sem tom de quem insiste em cantar