ASSADO
O que vale uma vida inteira
Quando o trem sai dos trilhos
Quando paramos na estrada para sepultar os mortos
Curar os feridos e adotar os maltrapilhos?
O que vale uma vida inteira
Quanto nosso olhar para o infinito
Nos faz ficar cegos na fulguração do sol
Contar estrelas e ser feliz se torna um delito?
O que vale uma vida inteira
Se não somos mais nós mesmos, mas os outros
E tudo em volta é dor, decepção, tristeza
Nada nem ninguém nos trará conforto?
Do que vale esta vida de sacrifícios
Se fizemos tudo o inverso, o errado
Se procuramos ser bons, fomos maus
Porque não era bem assim, era assado!