O voo de tupiniquim

Lá estava o pássaro, espreitando na janela.

Eu ainda posso ver seus olhos por ela

Tão frágil e com medo.

Escondeu-se no segredo

Que machucava,

A consciência tão longe pairava,

Podia ver, ele, a olhar o que passava.

Não podia crer em suas asas

Tampouco sabia que podia voar para longe das casas

Em sua gaiola, só podia sentir...

O vento do norte surgir,

Nas montanhas do Caparaó

Quisera Deus, tive dó.

Devolvi a sua dignidade

E embora ainda com pouca idade

Pôs-se a voar e a picar qualquer jiló

Sem sentença pro verde,

Crê e vede

Ele estava com sede

Da liberdade pintada de liberdade e verde

Às vezes pintada de azul,

Saiu assim, feito suor em corpo nu.

Tal pássaro tupiniquim das terras ao sul.

Saiu assim, de dentro de mim.

Pelos meus olhos cerrados, tupiniquim.