PELAS CURVAS DE UM RIO

Divago, sorvo mais um cálice de vinho,
Caminho desnorteado pelo lar,
Para espantar a solidão, falo sozinho,
Vocábulos desconexos se perdem no ar.

Estranha vida, estranho eu perdido,
Na lentidão das horas siderais,
Movido por um louco desejo de ser liquido.

Ser envolvido pelas curvas de um rio, seguir...
Até chegar ao oceano; me entregar, me redimir.

E tudo mais
;*“há, que ânsia humana de ser rio ou cais”!
- - - - - - - -

* Fernano Pessoa.