BRILHO NEGRO ( segundo estudo )

Um dia

vi nascer nos teus olhos

um brilho escuro

que não lhes tirava a limpidez,

um fulgor de cristais negros

revelando-se em monólogos sutis,

só para quem os escutasse

afirmando-se ...

E esse brilho cresceu,

tomando outros rumos

que não os das tuas palavras,

e foi impondo ao teu riso

agudo e solto de menina,

esse sorriso mais contido,

disfarçando já com vaidade

indisfarçáveis promessas

em gestos roucos de mulher,

para sempre sem idade.

E foi assim,

nessa perda de ingenuidade

que presenciei sem querer,

nesses precisos momentos

de indizível efeito

e de novos sentimentos,

que me abandonei,

como menino

(que não sabia mais ser...)

e, encantado, te procurei

já homem feito...

13 /07/2007