As duas senhoras

Havia uma senhora chamada Ganância,

que não tinha tolerância,

com a senhora Caridade,

por agir com cumplicidade.

Movida pela ambição, uma só pensava em obter,

regada pelo amor, a outra procura compreender,

uma morava no exterior,

a outra no interior.

Dona Ganância amava apenas o cifrão,

por seu semelhante não tinha compaixão.

Já dona Caridade era sinônimo de bondade,

servir ao próximo era sua real felicidade.

No alto da sua arrogância,

já dizia a senhora Ganância:

"De pobre eu quero distância,

quero viver em abundância".

Com seus pés no chão

a senhora Caridade falava com o coração,

não buscava ocasião,

e nem subia aos palcos para adoração.

No final de uma vida tão escura e iludida,

apavorada, fraca, sofrida e deprimida,

pouco antes do suicídio, então ela escreveu:

"Quem me matou foi meu próprio eu"

A Caridade tão lúcida continua na estrada,

em nossos corações deixa pegada,

também escreveu um profundo verso;

"Bom seria se todos vivessem num só universo".

Rogério Rodrigues

Rogher Rodrigues
Enviado por Rogher Rodrigues em 27/05/2016
Reeditado em 26/05/2020
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