"Linda Demais" Poesia Curtinha em Apenas 16 Estrofes...Haja Paciência...

Que belos cabelos! Que lindo rosto!

Lindos olhos de um verde profundo

Maravilhosos! De encher de gosto

E declará-la a mais linda do mundo

Correspondeu, risonha, ao seu olhar

Sorriu francamente, e sem malícia

Ele podia deixar de se apresentar?

Não podia. E o fez sentindo delícia

Que beleza, que ternura, que riso!

Que perfume, meiguice e simpatia!

Conjunto de fazer perder-se o juízo

De encher-se o coração de alegria!

O namoro começou naquele instante

Em minutos, gêmeas as almas seriam

Em meses, amor grande e constante

Que sentimentos intensos surgiriam!

Namoro demorado? O noivado devido.

Casamento marcado. A casa já pronta

Padrinhos nomeados e o dia escolhido

A sogra, uma atribulada barata tonta

O sogro feliz da vida e bem orgulhoso

Por ver filha assim bem encaminhada

E o noivo ali, agitado e muito nervoso

Não imaginava o tamanho da cabeçada

Festa bonita, lua-de-mel, as despedidas

Hotelzinho à beira-mar, de certo luxo

Um bom começo da união de duas vidas

Que enfrentariam da vida todo repuxo

Que pena que o que é bom pouco dure!

Que máscaras tenham por hábito cair

Mas não existe a mentira que perdure

Um dia toda verdade acha por bem vir

Aquele rosto lindo e sem maquiagem

Era apenas um bem atraente engodo

Simplesmente uma bela embalagem

Para uma alma coberta de puro lodo

A falsidade, hipocrisia e fingimento,

Naquela alma feminina encontravam

Guarida e mesmo o desenvolvimento

Eram bem poucos os que observavam

Não foi preciso um tempo bem longo

Menos de um ano foi bem suficiente

Até que na cabeça lhe soasse o gongo

E o marido percebesse a tal serpente

Hipocrisia, fingimento, tal falsidade?

Isso forma um veneno como da cobra

E combatê-lo é uma real necessidade

Tempo tenho para isso. Tenho, e sobra.

Fingindo não perceber que se isolavam,

Que seus amigos desapareceram todos

Os dois, ele e ela, ao mundo criticavam

Dizendo viverem todos apenas engodos

Alimentou nela seu dom da maledicência,

Insuflou-lhe o uso da sua língua viperina

A ponto de tirar dos pais toda paciência

Não mais reconhecendo sua linda menina

O tempo isolou-os em um mundo de dois

Ela entregou-se a ele toda dependente

O resto da humanidade viria bem depois

Ninguém dela merecia amizade decente

Sentindo-a em suas mãos, proprietário

Conseguiu sem esforço uma procuração

Fez tudo o que era dela em numerário

E ninguém mais no mundo sabe dele não.

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 14/07/2007
Código do texto: T564830
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