A VERDADE DOS MORIBUNDOS

E, de repente, os anos se tornaram instantes

E nem todos os livros de todas as estantes

Poderiam explicar o que na vida aconteceu

Restou-nos aceitar a verdade dos moribundos

Chorar, talvez, pelos altos muros e abismos profundos

que toda a nossa cega e furiosa ignorância ergueu

Meu caro, é preciso seguir, pois a vida é coisa breve e séria

Fazer nosso caminho de olhos abertos entre a maravilha e a miséria

Com coragem para seguir essa viagem pela noite escura

Mesmo quando quando dor e o desespero permearem a procura

E com a cabeça levantada, abrir as mãos e o peito

Com alma de criança fazer simplesmente o que deve ser feito

Pois há qualquer derradeira hora a hora derradeira chega

À beira do abismo, vejo o coro das bocas arrependidas a murmurar

Os dias tudo devoram e o impermanente é tudo o que há

Não, meio ao ranger de dentes de tal triste coro não estarei eu

A lamentar pelo passado e todo amor que mesquinhamente não se deu