Pela madrugada

Encoberta ainda pela escuridão,

Escorregas ainda com meu perfume

Empregado em todos os poros do teu

Sensual corpo de mulher fatal

Para fora do meu leito, que por momentos

Parcos momentos chamaste nosso,

Sem um adeus, uma explicação

Partes, da mesma forma com que chegaste

Sem que nada o fizesse esperar,

Noite sem significado, apenas prazer

Apenas física, apenas necessidade

Elevação do ego, garantia de sedução

Beijos, trocas, carícias, movimentos

Tudo apenas por um tesão

Sem qualquer sentimento

Sem um nome, que te dê forma ao rosto,

E eu? Macho, rejeitado, enjeitado

Usado, abandonado,

Sinto-me nada...

Pois nada sou, mero pedaço de carne,

Nas hábeis mãos de musa,

Que extraem de mim o seu próprio prazer!

Cheguei a sentir, senti que podias ser,

Que eu poderia deixar de procurar

Voltar a construir, edificar algo comum,

Mas agora?

Agora tenho apenas ódio de mim!

Sirio de Andrade
Enviado por Sirio de Andrade em 09/06/2016
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